sábado, 6 de julho de 2013

Guerra Mundial Z: o filme e o livro

Semana passada assisti “Guerra Mundial Z”, e fiquei tão impressionado com o filme que resolvi ler o livro homônimo de Max Brooks, no qual o filme é vagamente inspirado. Não me decepcionei.

O ritmo do filme (filme que, aliás, é o mais caro da história do cinema), é frenético desde o início. Tirando uma cena doméstica no início que não serve pra muita coisa, não é exagero dizer que em nenhum momento se tem mais do que 3 minutos pra respirar entre uma fuga e outra. A sensação de que “dessa vez não vai dar” é permanente, sem contudo comprometer a credibilidade da narrativa (claro, até o ponto em que um filme sombre zumbis possa ser crível).

Os zumbis do filme são uma força da natureza, rápidos e letais como um tsunami que fica mais forte a medida que avança, mas não tão inteligentes quanto os de “Eu sou a lenda” (inspirado no conto de Richard Matheson, o pai das modernas histórias de zumbis, publicado no Brasil pela Novo Século). As semelhanças com a história protagonizada no cinema por Will Smith não param por aí. Aqui também os zumbis são uma epidemia que alastra antes que qualquer um possa pensar em fazer algo a respeito, dizimando quase toda a espécie humana e arrasando cidades inteiras. Mas enquanto “Eu sou a lenda” é um filme solitário, “Guerra Mundial Z” é épico em todos os aspectos. O personagem principal, Gerry Lane (vivido por Brad Pitt), é um enviado da ONU que precisa descobrir onde a praga surgiu, em busca de pistas sobre como eliminá-la. Em outras palavras, ele vai atrás de uma cura (outra coincidência com “Eu sou a lenda”).

Entre pistas falsas, perseguições e fugas impossíveis (como escapar de um avião de carreira em pleno vôo lotado de zumbis?), há muito tempo não me divertia tanto no cinema.

Já o livro, cujo autor é filho do Mel Brooks, é mais uma paródia, não só com as histórias de mortos-vivos, mas principalmente com a paranóia norte-americana após os atentados de 11 de setembro. Os zumbis enquadram-se perfeitamente nessa ideia de que o cara ao seu lado pode ser o inimigo, que vai te atacar quando você menos esperar e por onde você menos esperar.

Diferentemente do filme, o livro é uma espécie de relato jornalístico, um livro fictício de histórias pessoais escrito e publicado 12 anos após o fim da guerra da humanidade contra os zumbis. Seu autor é o mesmo enviado das Nações Unidas retratado no filme, mas ao invés de ser a ponta de lança dos esforços de guerra humanos contra o inimigo comum, ele é um burocrata que viaja pelo mundo colhendo relatos de quem lutou e sobreviveu nessa guerra. Assim, o leitor só recolhe fragmentos de fatos, ainda assim contaminados pelo ponto de vista de quem os está contando, seja o empresário inescrupuloso que lucrou bilhões vendendo uma cura falsa, seja o marinheiro chinês parte da tripulação de um submarino nuclear chinês que desertou, seja o vice-presidente dos Estados Unidos Continentais.

Por falar em Estados Unidos Continetais, o autor brinca com o que seria esse mundo pós-apocalíptico, com uma Cuba que se tornou o centro financeiro do mundo (ainda sob a batuta de Fidel), uma Coréia do Norte que virou um ponto silencioso no mapa (ninguém sabe o que houve com os norte coreanos e ninguém quer entrar lá pra descobrir), uma Rússia que virou um Sacro Império e um Japão reinstalado em algum lugar da Polinésia.


Depois do cinema, desde “Entrevista com o Vampiro”, ter estragado a mitologia de Bram Stocker com vampiros que vão da metrossexualidade a emos assumidos, é bom ver que os monstros humanos estão recolocados no lugar assustador de onde nunca deveriam ter saído. Filme e livro são extremamente divertidos.

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