domingo, 26 de maio de 2013

Falta de originalidade nos filmes de ação?

Acabei de assistir Star Trek - Além da Escuridão, e, bem - é mais um daqueles filmes em que você vai ao cinema esperando uma coisa e se depara com outra. Pra mim, isso começou com Skyfall. Sou fã incondicional dos filmes do James Bond, mas "Casino Royale", de 2006, definitivamente trouxe o personagem criado por Ian Flemming em 1953 para a nossa época. Num mundo meio niilista, pós-guerra fria, sem heróis nem vilões claramente estabelecidos, você espera que um agente secreto seja um assassino frio e com poucos escrúpulos. Como um Jason Bourne mais bem vestido. "Quantum of Solace", apesar do título brega, manteve a mesma pegada.

Aí veio Skyfall, e de repente Daniel Craig era de novo uma espécie de Roger Moore, com um vilão afeminado que faz luzes no cabelo. Admito que minha opinião é isolada, porque o filme está entre as 10 maiores bilheterias da história, e é sucesso de crítica. Mas eu passava sem aquela jogadinha de chapéu (quem usa chapéu hoje em dia?) e a cantada barata em cima da Moneypenny.

A segunda "decepção" veio com Homem de Ferro 3. A Marvel definitivamente fez um marketing promovendo um filme mais sombrio, explorando mais os conflitos e as escolhas psicológicas do personagem. O que veio foi só mais um blockbuster. Não que isso seja ruim. Ninguém despreza um filme de ação bem feito. E o que mais esperar de um filme baseado em HQ? Só que a Marvel prometeu mais. De quebra, quebraram a série de excelentes trilhas sonoras regadas a AC/DC e Black Sabbath (aquilo no começo do filme era música eletrônica?), acabaram com um dos vilões mais queridos de quem acompanhava o personagem nos quadrinhos, e inseriram a mais dispensável cena pós-crédito de todos os filmes da Marvel até aqui. Mais uma vez, minha opinião é isolada - o filme já está entre as 5 maiores bilheterias da história. Mas você aproveitará melhor o filme se tiver vinte e poucos anos do que mais de 30, como é o meu caso.

E aí chegamos a "Além da Escuridão". O filme todo é feito com muito esmero, desde a fotografia até os efeitos sonoros. O acabamento em si é impecável. Só não sei se o objetivo do diretor JJ Abrams (o mesmo de "Lost", e que já está contratado para a sequência de "Star Wars") era criar um território conhecido para os fãs da série, ou se faltou mesmo originalidade. Um artigo publicado no Medium por Esten Hurtle destaca a falta de imaginação nos gadgets mostrados no filme (https://medium.com/adventures-in-consumer-technology/7e7dc993b4fd). "Everyone in the movie walks around carrying an iPad. They have heads-up displays projected on glass. They talk to each other on cell phones. For a series that inspired a generation of engineers to go out and make these incredible things they saw on TV, it’s hugely disappointing to see this big-screen admission that they’ve run out of ideas." Em suma, ao que parece, nós já estamos usando a tecnologia de 200 anos adiante... O filme acabou de estrear então não vou contar detalhes da história, mas há mais momentos de "deja-vù" do que seriam recomendados.

É bom dizer, os 3 filmes citados são muito bons, principalmente pra quem gosta e acompanha as respectivas franquias. Mas os 3 padecem da mesma sina: são herdeiros de uma tradição, o que, por si só, gera enorme expectativa, incentivada pela propaganda dos estúdios. E, em que pesem os méritos de cada um, não entregam o prometido.

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